O ENIGMA DO GRAAL atrai a imaginação
ocidental mais do que qualquer outra tradição lendária. Apesar de ser um tema medieval, vem repercutindo através dos séculos e está muito vivo nos dias de hoje, assim como a memória dos Cavaleiros Templários e as lendas em torno da Arca da Aliança.
O legado do Graal na antiga Mesopotâmia, torna evidente que o simbolismo do Cálice e do Pão era parte da cultura semítica nos dias de Abraão e Melquisedeque por volta de 1960 a.C.
Então Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho
Gênesis 14:18.
É difícil entender o fato da Igreja ao mesmo tempo em que se voltou oficialmente contra o Graal, usurpou como seu o mais pertinente símbolo do legado. Em 1547, no Concílio de Tentro, a Igreja declarou que a sabedoria do Graal era considerada heresia não oficial.
O sacramento da Eucaristia é ostensivo no uso do cálice do vinho, representando o sangue messiânico, junto com obréias de pão que representam o corpo. Apologistas desse costume se apegam a ideia de que essa cerimônia se deriva da Última Ceia, quando o Messias ofereceu vinho e pão a seus apóstolos, sem considerar que Ele próprio realizava um ritual antigo e tradicional.
Nos Manuscritos do Mar Morto, textos referentes as Normas Comunitárias declaram a ordem correta de precedência para sentar no banquete e detalha o ritual a ser observado na refeição concluindo: "E quando eles se reúnem na mesa comunitária...e misturam o vinho para beber, que nenhum homem estenda sua mão primeiro para o pão ou o vinho antes do sacerdote, pois ele abençoará os primeiros frutos do pão e do vinho... e depois, o Messias de Israel estenderá suas mãos sobre o pão, e em seguida toda a congregação da comunidade dará bênçãos, cada qual de acordo com sua classe".
Um aspecto das lendas do Graal, que causa
enorme confusão é o fato de que contêm referencias venerativas a diversos personagens proeminentes da história judaica (Josefes, Lot, Elinant, Galahade, Urien, Pelles, etc.).
Galahade é o mais citado, também identificado como Gileade é considerado o mais cristão entre todos os cavaleiros. Outro personagem importante foi José Arimatéia, e em tempos mais remotos o sacerdote hasmoneu Judas Macabeu.
Apesar da antiguidade do material referente ao Graal, ele só aparece em forma literária nos romances escritos entre 1190 e 1240 na maioria por monges cistercienses e beneditinos.
Chrétien de Troyes
Le Conte du Graal foi escrito por Chrétier em 1190, algumas décadas depois da fundação da Ordem dos Templários. O personagem principal é Percival um cavaleiro errante cujo traço principal é a inocência. Chrétien morreu sem terminar sua história, de modo que outros escritores tentaram completa-la, com versões chamadas de Continuações.
Wolfram von Eschenbach
Esse talentoso poeta bávaro, escreveu várias obras
inacabadas e um poema completo, Parzival, escrito entre 1197 e 1210. Na aventura o jovem parte para o Monte da Salvação e se depara com o sábio Trevrizent, que alude a Hermes Trismegisto. O romance possui referencias à astrologia por antigos ensinamentos judaicos e ainda envolve a linhagem dos Merovíngios. A mensagem principal destaca o livre arbítrio que Deus concede a Parzival, entre a sabedoria e a tolice, o bem e o mal, entre a pureza e a corrupção. Enfatiza que somente Deus pode julgar se alguém possui as condições apropriadas para atingir o Graal. Não se busca o Graal, ele convoca os escolhidos.
Robert de Boron
Esse poeta borgonhês escreveu duas narrativas sobre o Graal, José de Arimatéia e Merlin. Boron deu um tom cristão à sua história, mostrando a demanda dos cavaleiros como uma busca espiritual. Já suas versões em prosa do século XIII estreitam mais o vínculo entre a história do Graal e a Lenda Arturiana.
Heinrich von dem Turlim
Em Diu Krone, o épico poeta apresenta sir Gawain como herói e discorre sobre os Cavaleiros da Távola Redonda. Edições escolares desse poema foram editadas em 1852 e posteriormente em 1989.
Queste del Saint Graal
Romance escrito por um monge cisterciense em 1215, faz inúmeras alusões aos templários e destaca o herói Galahad, filho de Lancelot. Essa é a versão mais conhecida da história do Graal no mundo da língua inglesa, ela apresenta a busca do Graal como uma busca pela união mística com Deus. Sir Thomas Malory tomou o romance como base para sua obra Le Morte d'Arthur, por sua vez, base para grande parte do filme Excalibur e para o musical Camelot.
Fontes de pesquisa
GARDNER, Laurence - Os segredos da Arca Sagrada - Editora Madras 2004
RALLS, Karen - Os Templários e o Graal - Editora Record 2003
Textos exparsos de Queste del Saint Graal - Morte d'Arthur
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